terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Para Bandeira, com amor!


Não me canso de falar que a beleza da vida está nos pequenos acontecimentos diários. Quer coisa melhor do mundo do que acordar, sob o céu azul do Recife, com o movimento bem-humorado da inocência das minhas adoradas crianças e, em seguida, escutar na rádio Vou-me embora pra Passárgada, lá sou amigo do rei? Pois bem, com um despertar deste, a alegria irradiou o meu coração e Bandeira tomou conta deste corpo que vos fala através do teclado! Fiquei com uma vontade danada, sugerida pelo próprio poeta, de viver de brisa, nem que seja metaforicamente.

O meu gosto tardio pela poesia pode ser creditado ao conterrâneo Manuel Bandeira, antes mesmo do patrício Fernando Pessoa, pois! Com o poeta recifense, que também foi um exímio cronista, aprendi a sentir as estrofes, a me emocionar com as palavras livres dos seus versos! A poesia de Manuel Bandeira nasceu parnasiana, tornou-se simbolista até chegar definitivamente ao modernismo, com suas experiências concretistas (Isso me lembra as aulas de literatura da minha adorada Myrtha Magalhães nos saudosos tempos da Escola Parque).

Na obra de Bandeira, o aspecto biográfico é marcado pela tragédia, percebida até nas obras modernas, como Libertinagem. Há, ainda, a marca da melancolia e da paixão pela vida. As figuras femininas surgem envoltas em ardente sopro amoroso, enquanto outros poemas tratam da condição humana e finita sem deixar de demonstrar o desejo de transcendência como em Momento num Café, Contrição, Maçã e Boi Morto. Não poderia deixar de fora Consoada, em que ele fala de quando a indesejada das gentes chegar!

Mesmo diante de tantos, deixo aqui registrado os meus versos bandeirenses preferidos.

Arte de Amar

Se queres sentir a felicidade de amar,
Esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.
Deixe o teu corpo entender-se com outro corpo,
porque os corpos se entendem, mas as almas não.
(Manuel Bandeira)

2 comentários:

  1. Muito bem escolhido verso, Lolo querida!!!
    Que gostoso ler o seu relato e desfrutar deste momento mágico "acordar, sob o céu azul do Recife, com o movimento bem-humorado" de suas adoradas crianças!
    Obrigada minha linda!
    bjuuuuus

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