segunda-feira, 31 de outubro de 2016

eu, Juliana: recife-londres-berlim e, logicamente, Bowie!

Em 1984, eu tinha 12 anos quando, atraída pela curiosidade do título, peguei emprestado e escondido o livro “Eu, Christiane F. 13 anos, drogada e prostituída...” da estante da minha mãe. Apesar da minha pouca idade, tinha consciência do meu ato transgressor, embora a curiosidade tenha sido mais forte. Ao descobrir, minha mãe ficou muito preocupada comigo e foi na Escola Parque do Recife, onde estudei durante toda a minha vida, pedir conselhos a saudosa Dôsa que, prontamente, aconselhou muito sabiamente a não proibir a leitura. Por dois motivos, basicamente: o livro mostrava a vida real fora dos nossos muros e o meu ato era o início de uma demonstração de amor pelos livros. De fato! Segui em frente no livro, muito impressionada com aquele mundo nebuloso, mas fascinante ao mesmo tempo; e curiosa em relação ao universo berlinense tão distante do meu mundinho chamado Recife. Poucos anos depois, veio o filme e, com ele, a revelação de um grande artista. Sim, David Bowie.

Ali, começou (e continua até os dias atuais no alto dos meu 43 anos) a minha paixão por Bowie, por Londres e por Berlim - esta foi, sem dúvida, a sua maior fonte de inspiração. A partir dali, Bowie passou a representar o que eu entendo por vanguarda, universo pop, arte, moda, música, globalização. Enfim, várias das minhas referências atuais eu devo a ele. Aliás, esse privilégio não é dado só a mim, mas a muitos de nós. Sobretudo à turma recifense que se esbarrava para compartilhar, no início da década de 90 na Misty, Adilia´s Place, Bar do Grego, Soparia, Abril pro Rock no Circo Voador, Rua do Lima, da Aurora e afins, a rica efervescência cultural na cidade: do som da Misty aos shows de Chico Science, Mundo Livre S.A, Paulo Francis Vai pro Céu e por aí vai. A diversão era o lema!

Bowie deixa várias gerações recifenses órfãs, inclusive a minha. Após o encantamento de Bowie (sim, como diz o ditado, gênios não morrem, eles se encantam!), reacendeu o desejo de realizar um antigo sonho. Berlim, precisamos nos conhecer urgentemente! Começando pela Hauptstrasse, 155, Schoneberg.
 

 * escrito em janeiro de 2016