segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Quem não gosta de humor inteligente?


Sem dúvida, um dos livros mais divertidos que já li nos últimos tempos. Publicado em 1969, Complexo de Portnoy  ganhou uma nova edição há três anos pela Companhia das Letras. Quarenta e três anos depois, a história de Philip Roth sobre o rapaz oprimido pela mãe judia segue vigorosa. É impressionante a atualidade da obra.

O drama de um jovem dominado pela mãe, uma tradicional matriarca judia, é o pano de fundo de uma instigante narrativa em primeira pessoa. Alexander Portnoy, agora com 33 anos, conta ao psicanalista, Dr. Spielvogel, as agruras que sofria de sua mãe, da qual eram vítimas também Hannah, a irmã mais velha, e o pai, um vendedor de seguros, cujo intestino não funcionava bem (até o leitor sofre com a prisão de ventre desta pobre criatura).

Philip Roth produz uma narrativa bem humorada que provoca gargalhadas, mesmo o teor sendo amargo. É justamente no âmago dessa reflexão das relações opressivas, representadas pela claustrofóbica presença materna, que reside o vigor do livro. As consequências que a formação sexual confusa terá na vida adulta de Alex são intrigantes, quando não perturbadoras. 

Descrevendo-se a si mesmo como um retardado emocional, de forma bastante irônica, Portnoy expõe seus sentimentos com a família, a importância da masturbação na sua vida e suas crises religiosas. Mesmo que hoje em dia ninguém se escandalize mais (assim espero!) com as descrições detalhadas de como o sexo é central na vida de cada um, o texto é realmente divertido de se ler. Ao que parece, as experiências sexuais de Alex são a única saída para a sua libertação. Da família. Das convenções sociais.

Numa resenha lida recentemente sobre o autor, que é cotado para o Nobel de Literatura, vi que este livro causou muita polêmica quando foi publicado. Também, imaginem só: em plena época da liberação sexual, o autor Philip Roth aparece com um livro em que a masturbação é a válvula de escape da sexualidade do personagem. As páginas são impressas com histórias de incesto, escatologias, sadismo e complexo de Édipo. Fantástico! Bela narrativa tem esse Philip Roth! Não é à toa que ele é reconhecido como um dos principais escritores norte-americanos da atualidade. Rafael Oliva, valeu demais pela dica! Aguardo mais sugestões, de preferência tomando um chopp no Jobi/Leblon!

Obs: Muito cuidado com a expressão Putz, principalmente se tiver em território judeu. No hebraico, Putz significa pênis!

Um comentário:

  1. vou comprar agorinha mesmo, Juliana. Valeu demais a dica! Rico

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