quinta-feira, 21 de junho de 2012

Vale a pena refletir sobre!




Quando vi o título e o autor do livro no Alas (encontro sul-americano de sociologia que aconteceu no Recife no ano passado), não pensei duas vezes.  O livro Os Estabelecidos e os Outsiders”, de Nobert Elias e John Scotson, estava gritando para chamar a minha atenção. Tinha que ler aquela obra de título sugestivo. Como eu já tinha comprado outros tantos, fiquei reticente. “Olha a compulsão, Juliana”!, afirmava meu superego, a parte moral do juízo que queria inibir meus impulsos através da culpa.

Mas, nem mesmo ele conseguiu me conduzir aos seus apelos. Depois de a paquera perdurar por uma semana, fui seduzida e acabei levando-o comigo pra casa. O livro é de fato tudo o que eu
a priori pensei sobre ele. Após quase um ano após a compra, eis minhas impressões!

Trata-se de uma pesquisa feita no interior da Inglaterra. Após três anos estudando aquela comunidade, Elias e Scotson mostram uma clara divisão entre um grupo de residentes estabelecido por muito tempo num bairro relativamente antigo e, ao redor dele, duas povoações formadas em época mais recente, cujos moradores eram tratados pelo grupo dos estabelecidos como outsiders.

É um livro de pesquisa, mas com uma leitura muito prazerosa (aliás, como tudo que Elias escreve) que combina dados de fontes diferentes como estatísticas oficiais, relatórios, artigos de jornais, entrevistas e, principalmente, uma permanente observação (ah, como a etnografia enriquece uma pesquisa!). Graças aos diversos tipos de fonte, fica mais fácil a compreender os laços de interdependência que unem, separam e classificam os indivíduos e grupos sociais, em relação de poder constante.

Em pauta, a relação de poder entre dois grupos de moradores que não se diferenciam quanto a seu tipo de ocupação, origem, religião, educação, classe social, cor, raça, mas sim no que se refere ao tempo em que residiam na comunidade. Isto é que é muito curioso. O grupo estabelecido os estigmatizava como pessoas de valor inferior, tratavam os moradores novos como indivíduos que não se inseriam no grupo, como forasteiros, “os de fora.”

É um livro que nos ajuda a entender melhor questões bem contemporâneas e globais como relações de poder, exclusão social, cidadania e afins.

Recomendo!


Um comentário:

  1. Acredito que também deve servir como referência para questões corporativas, funcionários antigos versus novos funcionários, etc.

    ResponderExcluir