quinta-feira, 28 de junho de 2012

A semelhança entre o ouriço de Barbery e o cachimbo de Magritte!



Após algumas noites insones por conta dele, finalmente consegui terminar ontem a Elegância do Ouriço, da escritora e filósofa francesa Muriel Barbery. Ele, o livro, chega como quem não quer nada, mas aos poucos vai conquistando pela excelente narrativa. As duas personagens principais, Paloma e Renée, passam a vida preocupadas em apagar os traços de suas existências, embora sejam de uma sedutora riqueza intelectual. A história se passa no edifício chiquérrimo da aristocracia francesa localizado à Rua de Grenelle, 7, onde ambas residem.

As observações sobre literatura, escrita, envelhecimento, psicanálise e outros assuntos da vida moderna são descritas através de uma narrativa recheada de ironia. E deliciosamente despretensiosa. O curioso é que essas impressões das personagens me remeteram ao humor do pintor belga René Magritte. Mais precisamente à obra das mais conhecidas: Ceci n’est pás une pipe (Isto não é um cachimbo)! Em comum entre os três? O jogo com o significado das palavras. Eu tenho pra mim que a autora do livro fez uma homenagem ao pintor.

Minha primeira pista começa pelo nome da concierge: Renée, a forma feminina do primeiro nome de Magritte. Outra peculiaridade que me chamou a atenção foi os nomes que a autora escolheu para as duas irmãs da Rua Grenelle, Paloma e Colombe. Esses nomes significam Pomba em línguas diferentes. O fato de Muriel Barbery ser filósofa e, portanto, conhecedora de conceitos de linguística utilizados por Magritte me soou como mais uma grande coincidência.

A gente não percebe o tempo passar quando adentramos nos pensamentos profundos contidos no livro e, tal como Paloma e Renée, nos percebemos sozinhos em nossos pequenos mundos. A vontade que dá é ler de novo este romance sobre solidão e amizade, arte e beleza, justiça e amor, tempo e eternidade.

Obrigada pela dica, Gilberto! Adorei.


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