quarta-feira, 11 de abril de 2012

As várias faces de Pessoa


Nem só de comilança sobrevivemos às noites insones. Quem é ansioso, sabe que a insônia é uma das principais consequências desta agoniazinha que vai deixando nosso coração acelerado e a cabeça a mil por hora. Sabe como é ruim não conseguir desligar a tomada do juízo. O pior é quando ela vai se prolongando, as horas passando e você perambulando pela casa, já batendo o desespero com o relógio indicando que daqui a pouco surgirão os primeiros raios de sol. Por isso, de uns tempos para cá tomei umas decisões. Parei de lavar banheiros ou arrumar armários e resolvi fazer algo mais legal como ler ou escrever.Na minha última insônia, a lua me inspirou e resolvi reler alguns poemas do meu amado Fernando Pessoa. 

 “O poeta é um fingidor
 
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor 
A dor que deveras sente”. (Autopsicografia, Fernando Pessoa, Livro do Desassossego)


Falar de Fernando Pessoa não é apenas falar do maior poeta de todos os tempos. Falar de Pessoa é falar de um poeta que, como poucos, carregou nas tintas e no papel para expressar todo o sentimento do mundo. Como todo gênio, era dono de uma personalidade controvertida. Sua obra é vasta, afinal, Pessoa é vários poetas numa única pessoa. Definitivamente único!

Teve uma vida de perdas. Ainda menino, perdeu o pai, depois o dinheiro, a casa, a irmã. E foi morar na casa da avó louca, a Dionísia. Morreu aos 47 anos de cirrose hepática em Lisboa, sua terra Natal, sem o devido reconhecimento.

Ao longo da sua vida, Fernando Pessoa fingiu tão completamente ser outros que não conseguiu encontrar a si mesmo. Mas isso, o próprio se justificava. Para o poeta, o “fingimento é a forma de chegar à verdade essencial, e só se pode chegar à verdade essencial através do poema”.

Pessoa fingiu, foi vanguarda, polêmico, popular, poeta dramático, e estava sempre em busca do ser, do seu Eu Profundo e dos outros eu (bela obra dele). Foi tão grande a sua criação que acabou se perdendo de si mesmo:

“Quem sou, que assim me caminhei sem eu

Quem são, que assim me deram aos bocados
À reunião em que acordo e não sou meu?”


A poesia de Pessoa é transgressora. Romântica. Mística. Oculta. Profunda. Densa. Mas, a verdade mesmo da poesia de Fernando Pessoa é que o mundo levou muito tempo para descobri-la. Aliás, tem gente que ainda acha Fernando Pessoa um chato, um “drama em gente” como o próprio costumava dizer. Pobre dessas pessoas que não descobriram a verdadeira essência em Pessoa. Ainda é tempo para descobri-la, seja em Ricardo Reis, Álvaro de Campos ou Alberto Caeiro, seus heterônimos.

E para encerrar essa postagem, despeço-me de vocês com um dos meus preferidos:

Encerrando Ciclos

“Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..E lembra-te : Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão”

C’est ça!

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