A
primeira vez que ouvi falar em Julian Barnes foi em 2001 quando morava em
Londres. Foi numa resenha do ótimo caderno de cultura do The Guardian, publicada aos sábados, que traz críticas literárias, gastronômicas, de filmes e afins. Estava lá no Caffè Nero do Soho, como de costume, quando li uma crítica sobre seu então romance
intitulado Love, etc.
Na
verdade, o que mais me chamou a atenção naquele livro foi a ilustração da capa que
mostrava lindos sapatos, de verniz e bicolores do modelo Oxford. Devorei o Love, etc na semana seguinte e pronto. Apaguei este escritor da
minha memória completamente. Vai entender...
Numa
tarde de domingo de um não tão distante novembro recifense, pois, não pensei
duas vezes quando me deparei na Cultura com o sugestivo título Sentido de um fim daquele escritor que
eu tinha simplesmente retirado da minha memória. Comprei. Mas, por conta de
afazeres domésticos e acadêmicos só fui ler o livro agora em janeiro.
É um
livro sobre memória e identidade, com narrativa despretensiosa e envolvente. O
narrador fala das ciladas que a memória nos apronta na vida. “O que você acaba
lembrando nem sempre é a mesma coisa que viu”. A frase, dita por Tony Webster,
protagonista desta narração, resume bem a ideia central da trama criada por
Barnes.
No alto
de seus 60 anos, desfrutando de uma aposentadoria pacata e tranquila, Webster
descobre que é preciso fazer um acerto de contas com o passado. Como o próprio diz: "a história é a certeza
produzida a partir do encontro das imperfeições da memória com a sua
documentação inadequada".
Existe acumulação na vida.
Existe inquietude no livro, uma inquietude que insiste em não sair dos nossos
pensamentos.
Recomendo!
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