Quando vi o título e o autor do
livro no Alas (encontro sul-americano de sociologia que aconteceu no Recife no
ano passado), não pensei duas vezes. O livro “Os Estabelecidos e os Outsiders”, de
Nobert Elias e John Scotson, estava gritando para chamar a minha atenção. Tinha que ler aquela obra de título sugestivo. Como eu já tinha comprado outros tantos, fiquei reticente. “Olha a
compulsão, Juliana”!, afirmava meu superego, a parte moral do juízo que
queria inibir meus impulsos através da culpa.
Mas, nem mesmo ele conseguiu me conduzir aos seus apelos. Depois de a paquera perdurar por uma semana, fui seduzida e acabei levando-o comigo pra casa. O livro é de fato tudo o que eu a priori pensei sobre ele. Após quase um ano após a compra, eis minhas impressões!
Mas, nem mesmo ele conseguiu me conduzir aos seus apelos. Depois de a paquera perdurar por uma semana, fui seduzida e acabei levando-o comigo pra casa. O livro é de fato tudo o que eu a priori pensei sobre ele. Após quase um ano após a compra, eis minhas impressões!
Trata-se de uma pesquisa feita no
interior da Inglaterra. Após três anos estudando aquela comunidade, Elias e
Scotson mostram uma clara divisão entre um grupo de residentes estabelecido por
muito tempo num bairro relativamente antigo e, ao redor dele, duas povoações
formadas em época mais recente, cujos moradores eram tratados pelo grupo dos
estabelecidos como outsiders.
É um livro de pesquisa, mas com
uma leitura muito prazerosa (aliás, como tudo que Elias escreve) que combina
dados de fontes diferentes como estatísticas oficiais, relatórios,
artigos de jornais, entrevistas e, principalmente, uma permanente observação
(ah, como a etnografia enriquece uma pesquisa!). Graças aos diversos tipos
de fonte, fica mais fácil a compreender os laços de interdependência que unem,
separam e classificam os indivíduos e grupos sociais, em relação de poder
constante.
Em pauta, a relação
de poder entre dois grupos de moradores que não se diferenciam quanto a seu
tipo de ocupação, origem, religião, educação, classe social, cor, raça, mas sim
no que se refere ao tempo em que residiam na comunidade. Isto é que é muito
curioso. O grupo estabelecido os estigmatizava como pessoas de valor inferior,
tratavam os moradores novos como indivíduos que não se inseriam no grupo, como
forasteiros, “os de fora.”
É um livro que nos ajuda a
entender melhor questões bem contemporâneas e globais como relações de poder, exclusão
social, cidadania e afins.
Recomendo!
Acredito que também deve servir como referência para questões corporativas, funcionários antigos versus novos funcionários, etc.
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